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Capítulo II – Conhecer a criança: o desenvolvimento das crianças de dois a seis anos

Desenvolvimento cognitivo e da linguagem. Lev S. Vigotski foi outro importante estudioso
do comportamento infantil. Embora ele tenha vivido no início do século passado, algumas de suas
observações e contribuições só passaram a ser mais conhecidas a partir dos anos 80, década
em que um dos seus livros mais importante, Pensamento e Linguagem (1986), foi publicado. Ele
observou, por exemplo, que as crianças aprendem no contato com o outro mais experiente, pela

convivência com irmãos mais velhos e pais, que agem como mentores das crianças. Assim, a
criança é capaz de aprender porque essas pessoas:

● Apresentam desafios – na forma de perguntas, estímulos, provocações.

● Oferecem ajuda (mas não tomam o lugar da criança).

● Ensinam, mostram como falar, fazer ou resolver algo.

● Encorajam e motivam a criança a persistir.

Vigotski atribui a eficácia desses mentores ao fato de que eles geralmente convivem
intensamente com a criança, e são capazes de identificar o que elas estão tentando fazer
ou dizer. Isso é particularmente crítico no caso da aprendizagem da linguagem. Ao identificar
as tentativas de comunicação da criança, o mentor é capaz de fazer perguntas ou dar pistas
de uma forma que a criança é capaz de entender. Ou seja, eles atuam naquilo que Vigotski

chama de “zona de desenvolvimento próximo”. O passo a ser dado pela criança deve ser
algo que ela é capaz de fazer. A aprendizagem das crianças depende, em grande parte, da
disposição desses mentores em ajudar a criança, proporcionando-lhes o amparo (andaimes,
na linguagem de Vigotski) em que ela pode se apoiar progressivamente para depois progredir
sozinha. Um exemplo disso ocorre quando um adulto está lendo um livro para a criança e,
então, faz perguntas, dá pistas, explica e estimula a criança a fornecer suas explicações e
interpretações.

Se a criança diz “catiti”, dificilmente será entendida por um estranho. Mas, a mãe da criança
pode entender que ela quis dizer: “quero passear no carro com a titia” e, naquele momento,
traduzir seu pedido, buscando, progressivamente, formas de ampliar o vocabulário da criança e
auxiliá-la no desenvolvimento de sua linguagem.

A linguagem é um instrumento fundamental para o desenvolvimento da inteligência. De
um lado, ela permite que a criança desenvolva a fala consigo mesma e, assim, aprenda a
se interrogar, a atribuir sentido às coisas, a buscar explicações mais satisfatórias; e assim,
progressivamente, a criança vai aprendendo a internalizar a fala apenas na forma de
pensamentos. De outro lado, a linguagem permite a interação social e a comunicação, por meio
das quais podemos conversar, receber informações e instruções de outras pessoas, explicar

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