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Programa Alfa e Beto Pré-Escola – Manual de Orientação

do que se pensava, dependendo do contexto e da forma como são apresentados os estímulos.
Mas também sabemos que muito do que as crianças fazem e aprendem dependem da interação
de características genéticas e do desenvolvimento do cérebro. Alguns desses conhecimentos
são fundamentais para o educador infantil.

Realismo mágico. Na linguagem de Piaget, o período de dois a seis anos foi denominado
de pré-operacional, no sentido de que as crianças não estariam preparadas para efetuar
operações lógicas. Esse período também foi denominado como a fase do realismo mágico.
De fato, nesse período do desenvolvimento, as crianças tendem a exibir comportamentos
como:

● Centração. As crianças tendem a focalizar num aspecto da situação, sem levar em conta
outras relações. Por exemplo: meu pai é pai, não pode ser irmão (ao mesmo tempo).
Isso explica a dificuldade da criança para formar conjuntos a partir de novos critérios. O
egocentrismo é um caso específico de centração em si mesmo: a criança tem dificuldade
para adotar uma perspectiva diferente da sua. Por exemplo, ela pensa que todo mundo
sabe os detalhes do evento que ela presenciou.

● Uma coisa é o que aparenta ser. É difícil para a criança reconhecer a pessoa do palhaço
depois que ele tira suas roupas.

● Raciocínio estático. O mundo e as coisas do mundo permanecem da forma como as
deixamos. Se a criança viu uma cena na rua e chama outros para ver, ela espera que a
cena continue em suspenso e só continue quando ela voltar.

● Irreversibilidade. O que está feito está feito. Se você ofendeu, não adianta pedir desculpas:
o estrago está feito. Exemplos: “nunca mais vou ser seu amigo!”, ou se caiu açúcar demais
no leite, não adianta a mãe misturar mais leite.

● Animismo. Da mesma forma que os seres primitivos as crianças atribuem vida a seres
inanimados, como nuvens, árvores, etc. Essas crenças, no entanto, são fortemente
associadas à cultura.

Essas características se refletem na dificuldade das crianças dessa faixa etária de resolver
problemas que envolvem fenômenos de conservação, ou seja, o fato de que a coisa permanece
a mesma apesar de mudanças em sua aparência (é difícil reconhecer a pessoa por trás do
palhaço que trocou de roupa).

Os fatos observados por Piaget são corretos, mas a interpretação dos mesmos mudou. Hoje
sabemos que crianças desde muito cedo podem resolver problemas desse tipo e ainda mais
complexos, dependendo da forma como eles são apresentados.

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