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FUNÇÕES Referem-se à capacidade de coordenar diferentes funções para responder aos desa-
EXECUTIVAS fi os do dia a dia. Não nascemos com a capacidade de controlar nossos impulsos, fazer
planos e permanecer focados em tarefas. Tais habilidades são desenvolvidas e mode-
ladas pelas experiências que temos, especialmente na primeira infância, e têm ligação
com o desenvolvimento do cérebro em contato com o ambiente inicial. Há três capa-
cidades básicas: (1) a memória de trabalho; (2) a capacidade de inibir outros estímu-
los, para que possamos prestar atenção; e (3) a fl exibilidade cognitiva, que permite
nos adaptarmos a novas situações. Elas servem de base para três outras capacida-
des de nível superior: (4) planejamento; (5) solução de problemas; e (6) raciocínio.
IMITAÇÃO É um dos mecanismos mais básicos de aprendizagem. É o exemplo, que pode ser bom
ou mau. Desde os primeiros momentos de vida, a criança imita gestos e, a partir da
reação dos adultos, aprende a refi nar seus gestos e mensagens, para se comunicar
e satisfazer suas necessidades básicas (dores, fome, companhia). A imitação está na
base da pedagogia milenar do mestre-aprendiz, hoje comumente associada ao con-
ceito de coaching. Para se converter em instrumento útil de aprendizagem, a imita-
ção depende do feedback e estímulo adequado por parte de quem modela o com-
portamento das crianças. A imitação é como um ponto de partida para o desenvol-
vimento e a aprendizagem, mas não constitui todo o caminho.
LINGUAGEM A linguagem é a base para o pensamento e para a comunicação – duas características
únicas do ser humano. As crianças são programadas geneticamente para aprender
a linguagem, mas isso depende da quantidade e da qualidade das interações verbais
entre adultos e crianças. A linguagem é um fator fundamental para o sucesso escolar
e merece atenção especial dos educadores, pois grande parte das crianças vive em
ambientes que não favorecem o seu desenvolvimento adequado.
RESILIÊNCIA Resiliência é a capacidade de adaptar-se e sobreviver, mesmo em condições adver-
sas e em exposição a fatores de risco. Somos dotados de diferentes graus de resi-
liência. Uma criança submetida a situações estressantes ou de alto risco pode ama-
durecer mais depressa, mas, ao mesmo tempo, pode acostumar-se a assumir maio-
res riscos e compromissos mais instáveis: o custo da adaptação precoce é a perda de
fl exibilidade no futuro.
TEMPERAMENTO Temperamento tem a ver com tempero. É um conjunto de disposições que levam
a pessoa a interpretar o mundo e a agir de forma personalizada: não existem duas
pessoas iguais. É a marca da nossa personalidade, do nosso modo de ser em relação
a nós mesmos, a forma de relacionar com os outros, de se expor aos desafi os do
mundo e a curiosidade maior ou menor para aprender e se deixar surpreender pelo
mundo e pelos outros. As dimensões mais importantes do temperamento são o grau
de introversão ou extroversão. O temperamento manifesta-se desde cedo, é difícil
de mudar, mas seus aspectos mais negativos podem ser atenuados – especialmente
no que diz respeito à timidez no relacionamento social e à propensão a correr riscos.
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