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Figura 1.4 Nem toda adaptação é adequada
Crianças que vivem nas ruas, que são submetidas a
trabalho escravo e à violência, ou que atuam como
soldados sobrevivem e se adaptam à sociedade,
entretanto, nem sempre a adaptação é adequada. Elas
podem se tornar supervigilantes, arredias, deprimidas
ou desenvolver comportamentos violentos ou
antissociais.
Quanto mais estressante for o ambiente e quanto
maiores e mais cedo surgirem os desafi os, mais esforço a
criança terá de fazer para sobreviver. A adaptação asse-
gura a sobrevivência. Quando ameaçada durante a gravi-
dez (por exemplo, por estresse ou subnutrição materna)
ou no início da vida (abandono ou doenças), a criança
terá que se adaptar aos desafi os do presente – e isso
compromete sua capacidade futura de adaptabilidade:
para sobreviver agora, a criança desenvolve mais rapida-
mente certos padrões de resposta, mas, com isso, perde
a fl exibilidade para se adaptar a novos desafi os no futuro.
Alguns comportamentos desviantes de crianças
e adultos são associados ao abandono em orfanatos
(Rutter et alia, 1998). Como ilustramos na fi gura 1.4, a
experiência estressante e negativa nos primeiros anos
de vida deixa marcas no cérebro e na sua forma de
funcionar e processar informações.
QUADRO 1
PRINCIPAIS MECANISMOS DE ADAPTAÇÃO
APEGO Apego é um vínculo emocional duradouro que se desenvolve entre o bebê e o cui-
dador – que é, geralmente, a mãe, mas pode ser outra pessoa. Esse vínculo, que se
consolida por volta dos 6 aos 18 meses de idade, é essencial para dar segurança e
previsibilidade à criança e permanece sólido para o resto da vida. A função do apego
é preparar o indivíduo para adaptar-se à vida social como adulto.
AGRESSIVIDADE “A única razão pela qual os bebês não se matam é que não lhes damos facas ou revól-
veres.” A afi rmação foi feita por Richard Tremblay, um dos maiores estudiosos do
desenvolvimento infantil. A agressividade é essencial para a sobrevivência, mas precisa
ser controlada para permitir o convívio social. Violência, impulsividade, agressões físi-
cas ou verbais e bullying constituem os quatro tipos mais conhecidos de agressão. O
controle da agressividade é parte do processo de educação e está associado à forma
como pais e educadores estabelecem limites e orientam as crianças.
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