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dos países os alfabetizadores usam essa expressão “o som das letras”, mesmo sabendo
                que isso é incorreto do ponto  de vista científico. Trata-se de uma simplificação didática,
                que não oferece nenhum risco à formação do aluno. O risco é um professor alfabetizador
                ou um estudante de linguística dizer que letras representam sons. Letras – tecnicamente
                chamadas de grafemas – representam fonemas.
                   No entanto, é preciso que o professor esteja atento para o objetivo central: em nenhum
                momento ele deve exigir que o aluno “pronuncie corretamente” o som de uma letra, pois
                isso seria um contra-senso. Ao pedir para o aluno dizer o “som da letra” o professor quer
                que o aluno emita um som que permita identificar e discriminar um p de um b, ou um f de
                um v. Não se trata, em nenhum caso, de “pronunciar corretamente” o som da letra, pois
                isso não existe. A ênfase dos exercícios deve ser em atividades que levam ao reconheci-
                mento do papel diferencial dos grafemas e à discriminação entre grafemas: mudou a letra,
                mudou o som, mudou a palavra.  Não se justifica, portanto, preocupar-se com a “pronúncia
                correta” ou com solicitar a ajuda de fonoaudiólogos. Essa ajuda só é importante em casos
                extremos, em que o aluno tem dificuldades neurológicas que o impedem de reconhecer,
                identificar e discriminar corretamente os fonemas e grafemas.

                COMO ENSINAr O “SOM” DAS LEtrAS?

                    Não precisamos ensinar o som das letras, pelo menos esse não é o objetivo final.  O
                objetivo final é ajudar o aluno a entender que mudando a letra, muda-se o som.  É isso que
                significa “descobrir” o princípio alfabético.  O próximo passo, na alfabetização, será identifi-
                car o valor de cada correspondência (p+a = pá e p+é= pé).  Isso significa decodificar. Por
                enquanto tratamos da consciência fonêmica.
                   Existem técnicas comprovadas e consagradas para ajudar o aluno a adquirir a consciên-
                cia dos fonemas. Basicamente o aluno precisa aprender duas técnicas básicas:

                   •  Análise de fonemas, isto é, decompor uma palavra nos seus “sons”. Por exemplo, a
                     palavra decomposta em seus três fonemas:  UAI   /u/ /a/ /i/

                   •  Síntese de fonemas, isto é, juntar os fonemas representados pelas letras para produzir
                     o som da palavra. Por exemplo:  /u/ /a/ /i/   UAI

                   As atividades mais adequadas para aprender essas técnicas encontram-se apresentadas
                de forma sistematizada no presente manual, e incluem:

                   •  identificar o som de cada fonema da Língua Portuguesa ;
                   •  discriminar um fonema de outro (/v/ de /f/, por exemplo);

                   •  identificar o nome de cada letra (o nome da letra F é “efe” ou “fê”, mas o som que ela
                     representa é /f/;
                   •  identificar o fonema mais típico que cada grafema (uma ou mais letras) representa;


                O que O ALunO PreCisA APrender
                   Para cada par fonema-grafema, o aluno precisa aprender:

                   •  a identificar o fonema em diferentes posições na palavra;
                   •  a identificar o grafema (letra ou letras) que representam o fonema;



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