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APRENDER E ENSINAR



                    grupo e a cooperação – cuja contrapartida é a expectativa de serem aceitos. Surge também a competição na
                    busca da auto-eficácia e da diferenciação da personalidade. Esses processos ocorrem de forma diferente em
                    rapazes e moças, mas o importante é que atingem todos.
                      Nesse período, o aluno passa menos tempo com seus pais e mais tempo com companheiros, colegas e profes-
                    sores, na escola, na rua ou em outras atividades. A influência dos pais torna-se menos direta, mas nessa etapa
                    os jovens estão internalizando os valores de seus pais. A socialização direta dá-se muito mais por intermédio de
                    colegas e professores. Os colegas são muito importantes porque exercem uma pressão para a conformidade com
                    as normas do grupo. Este é o período em que se formam e se consolidam amizades, o que, por sua vez, cria
                    novas pressões para que o jovem se comporte como seus colegas.
                      O impacto dos meios de comunicação é outro fator que vem assumindo importância cada vez maior nesse
                    período de desenvolvimento. A música, o cinema, a televisão, a MTV, as revistas e as novelas começam a ter
                    um forte significado na vida dos jovens. Os valores e os modelos de conduta que vêem na televisão exercem
                    sobre eles uma grande influência: quando colocados em confronto com os comportamentos exigidos pela
                    escola, por exemplo, esses modelos externos têm força considerável e, freqüentemente, predominam.


                      Com isso, o processo de exposição a esses modelos, inclusive a formas extremas e violentas de comporta-
                    mento, torna-se mais precoce e mais difícil de ser assimilado criticamente. Nesse período, os jovens mantêm
                    dois tipos de conduta moral:
                        o comportamento baseado na norma do grupo, destinado a manter um bom relacionamento e a aprova-
                        ção dos demais, sobretudo dos colegas. Essa conduta pode incluir comportamentos saudáveis ou nocivos
                        (como, por exemplo, fumar), ou a forma de se relacionar com pais, professores ou com as leis do trânsito;
                        comportamentos exigidos pelas normas da escola ou do lar (professores e pais). Freqüentemente, essas
                        normas competem entre si, inclusive em nível inconsciente, o que leva o aluno a tentar superar conflitos
                        para conseguir um equilíbrio entre as necessidades impostas pelas normas desses vários grupos.

                      Outros importantes aspectos do desenvolvimento nessa fase incluem novas capacidades como:
                        entender outras pessoas;
                        adotar a perspectiva dos outros;
                        entender e compartilhar as emoções dos outros (empatia);
                        compreender que os outros não vêem o mundo como ele próprio o vê, que possuem sua maneira pessoal
                        de perceber e conhecer seus próprios sentimentos, motivações, gostos e decisões em relação ao que é
                        certo ou errado, bom ou mau, o que os ajuda e o que os atrapalha, e o que contribui para o seu sentimento
                        de auto-eficácia.



                                                         Desenvolvimento social
                            • Considerar o desenvolvimento social de seus alunos como um processo evolutivo e positivo,
                            em que os aspectos positivos e as forças de crescimento superam os aspectos negativos. Concen-
                            trar a atenção nesses aspectos positivos e na contribuição que você pode dar para ajudar o aluno
                            a realizar o seu potencial.
                            • Assegurar que suas expectativas sobre o comportamento dos alunos sejam claras, comunica-
                            das de maneira objetiva e compreendidas pelos alunos. Deixar bem evidente onde está a demar-
                            cação do campo, dos limites.
                            • Apresentar suas expectativas de forma positiva, (“os alunos farão” ou “deverão…”) evitando
                            sempre que possível o negativo (“é proibido...”; “conforme combinado…”, etc.).
                            • Manter uma linha de conduta sem ambigüidades, consistente com suas expectativas, sem fazer
                            exceções, sabendo que seus alunos sempre estarão testando os seus limites e pedindo que cada
                            caso seja examinado como uma exceção.
                            • Aproveitar a capacidade crescente dos alunos de poderem adotar uma perspectiva alheia, per-
                            guntando-lhes o que seus companheiros, pais e professores pensam e o que sentem. Trata-se de
                            uma forma a desenvolver e enfatizar a empatia.

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