Page 23 - APRENDER E ENSINAR.indd
P. 23
Parte I – APRENDER
INTELIGÊNCIA:
UMA OU MÚLTIPLAS?
Inteligência e aprendizagem
Um conceito controvertido de
inteligência: o fator “g” ou Q. I.
Inteligências múltiplas?
• Seus alunos possuem talentos diferentes? Maior facilidade para aprender certas coisas do
que outras? Os alunos inteligentes são sempre os que sabem mais?
• Como o conceito de inteligência pode ajudá-lo a ensinar de forma mais eficaz?
As pessoas são diferentes. Possuem diferentes cargas genéticas, diferentes talentos, diferentes “dotes” que
as predispõem a aprender com maior ou menor facilidade, a necessitar de maior ou menor esforço ou a
dedicar-se a aprender melhor determinadas atividades. Embora o estudo da inteligência seja um dos assun-
tos mais controversos nas áreas de Psicologia e Educação, existe um consenso bastante forte a respeito dos
seguintes aspectos:
todos temos inteligência, e o uso da racionalidade é o que distingue o homem dos demais seres vivos,
particularmente dos animais;
a inteligência é parte de nossa carga genética e, portanto, tem um forte componente inato. Extrema
privação física ou psicológica afeta o desenvolvimento da inteligência. A inteligência (nível, tipos,
etc.) influi naquilo que aprendemos e na forma como aprendemos;
há bastante consenso sobre a relação entre etapas do desenvolvimento cognitivo e inteligência. As
etapas seguem uma determinada seqüência mais ou menos universal, durante a qual a inteligência vai
desenvolvendo-se. As pessoas não se tornam mais ou menos inteligentes com o passar do tempo;
o desenvolvimento da inteligência é progressivo e alcança sua maturidade por volta de 15 a 16 anos.
Os indivíduos, no entanto, continuam a desenvolver sua inteligência de outras formas, sobretudo
reforçando conexões existentes e fazendo relações novas e mais complexas entre o aprendido e novos
estímulos;
existe grande interação entre inteligência e meio ambiente (inclusive educação e escola). Há fortes
divergências sobre o impacto do ambiente na inteligência. Todos concordam que o ambiente pode favo-
recer ou retardar o desenvolvimento da inteligência, ou compensar por eventuais limitações genéticas.
Mas o acordo pára por aí. São grandes as discordâncias sobre as explicações dessa interação. Há quem
afirme que a inteligência é inata – portanto, independe do ambiente – e há quem afirme que o ambiente
(inclusive intervenções educacionais) pode alterar o nível de inteligência. Há quem afirme que existe um
fator ou conceito que exprime o que seja inteligência (o fator “g” ou Q.I.) e há quem afirme que esse é um
entre vários fatores ou tipos de inteligências (inteligências múltiplas).
Os estudiosos que sugerem ser a inteligência modificável enfatizam o controle dos fatores do ambiente como
o melhor caminho para “melhorar” a inteligência. Os fatores mais típicos dos ambientes da casa e da escola
que favorecem o desenvolvimento da inteligência incluem:
a sensibilidade verbal e emocional dos pais e professores;
evitar restrições e castigos arbitrários;
organizar e estruturar um ambiente estimulante;
prover jogos e outros materiais adequados para estimular a criança;
criar oportunidades variadas e constantes para estimular mentalmente a criança.
25
Cap_1.pmd 25 17/7/2004, 10:24