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Parte I – APRENDER




                                                                        INTELIGÊNCIA:
                                                                        UMA OU MÚLTIPLAS?

                                                                          Inteligência e aprendizagem
                                                                          Um conceito controvertido de
                                                                          inteligência: o fator “g” ou Q. I.
                                                                          Inteligências múltiplas?









                                     • Seus alunos possuem talentos diferentes? Maior facilidade para aprender certas coisas do
                                     que outras? Os alunos inteligentes são sempre os que sabem mais?
                                     • Como o conceito de inteligência pode ajudá-lo a ensinar de forma mais eficaz?


                           As pessoas são diferentes. Possuem diferentes cargas genéticas, diferentes talentos, diferentes “dotes” que
                         as predispõem a aprender com maior ou menor facilidade, a necessitar de maior ou menor esforço ou a
                         dedicar-se a aprender melhor determinadas atividades. Embora o estudo da inteligência seja um dos assun-
                         tos mais controversos nas áreas de Psicologia e Educação, existe um consenso bastante forte a respeito dos
                         seguintes aspectos:
                             todos temos inteligência, e o uso da racionalidade é o que distingue o homem dos demais seres vivos,
                              particularmente dos animais;
                             a inteligência é parte de nossa carga genética e, portanto, tem um forte componente inato. Extrema
                              privação física ou psicológica afeta o desenvolvimento da inteligência. A inteligência (nível, tipos,
                              etc.) influi naquilo que aprendemos e na forma como aprendemos;
                             há bastante consenso sobre a relação entre etapas do desenvolvimento cognitivo e inteligência. As
                              etapas seguem uma determinada seqüência mais ou menos universal, durante a qual a inteligência vai
                              desenvolvendo-se. As pessoas não se tornam mais ou menos inteligentes com o passar do tempo;
                             o desenvolvimento da inteligência é progressivo e alcança sua maturidade por volta de 15 a 16 anos.
                              Os indivíduos, no entanto, continuam a desenvolver sua inteligência de outras formas, sobretudo
                              reforçando conexões existentes e fazendo relações novas e mais complexas entre o aprendido e novos
                              estímulos;
                             existe grande interação entre inteligência e meio ambiente (inclusive educação e escola). Há fortes
                              divergências sobre o impacto do ambiente na inteligência. Todos concordam que o ambiente pode favo-
                              recer ou retardar o desenvolvimento da inteligência, ou compensar por eventuais limitações genéticas.
                           Mas o acordo pára por aí. São grandes as discordâncias sobre as explicações dessa interação. Há quem
                         afirme que a inteligência é inata – portanto, independe do ambiente – e há quem afirme que o ambiente
                         (inclusive intervenções educacionais) pode alterar o nível de inteligência. Há quem afirme que existe um
                         fator ou conceito que exprime o que seja inteligência (o fator “g” ou Q.I.) e há quem afirme que esse é um
                         entre vários fatores ou tipos de inteligências (inteligências múltiplas).

                           Os estudiosos que sugerem ser a inteligência modificável enfatizam o controle dos fatores do ambiente como
                         o melhor caminho para “melhorar” a inteligência. Os fatores mais típicos dos ambientes da casa e da escola
                         que favorecem o desenvolvimento da inteligência incluem:
                             a sensibilidade verbal e emocional dos pais e professores;
                             evitar restrições e castigos arbitrários;
                             organizar e estruturar um ambiente estimulante;
                             prover jogos e outros materiais adequados para estimular a criança;
                             criar oportunidades variadas e constantes para estimular mentalmente a criança.

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