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Os conhecimentos sobre o ensino da matemática evoluíram
                  sensivelmente nos últimos anos. Os autores dos artigos discutem três
                  aspectos práticos desses novos conhecimentos: o que ensinar, como
                  ensinar, o que os professores devem saber.  O pano de fundo são os
                  avanços da neurociência, que autorizam e estimulam o ensino da
                  matemática desde cedo e abrem novas fronteiras para o entendimento
                  de como as crianças adquirem as bases que lhes permitem aprender
                  matemática na escola.
                       O que ensinar? O artigo de Schmidt explora essas questões.  Existe
                  um consenso bastante avançado, entre pesquisadores e formuladores
                  de políticas públicas, a respeito do que se deve ensinar de matemática
                  nas séries iniciais.  No limite, os alunos devem dominar o suficiente
                  de matemática para poder escolher vertentes do ensino médio mais
                  acadêmicas ou mais aplicadas.  Em outras palavras: os jovens só
                  terão reais condições de fazer opções, ao chegar ao ensino médio, se
                  dominarem determinados conhecimentos básicos de matemática.

                       O consenso a respeito do que se pode e se deve ensinar de
                  matemática nas séries iniciais foi forjado, especialmente nas últimas
                  décadas,  a  partir  das  iniciativas  do TIMMS  (Third International
                  Mathematical and Science Study), um consórcio de países e instituições
                  que desenvolveu testes de matemática que serviram de parâmetro
                  para entender com maior precisão o que é preciso e é possível ensinar
                  e aprender nas séries iniciais.  Os resultados do PISA (Programme for
                  International Student Assessment), por sua vez, levaram diversos países
                  a rever e aprimorar os seus currículos, de forma a atingir níveis mais
                  avançados como os logrados especialmente pelos países asiáticos.  A
                  análise comparativa desses currículos mostra que quanto mais enxutos
                  os currículos, melhor o desempenho dos países.

                       A análise de currículos de matemática e ciências nos países de
                  alto desempenho educativo também tem levado os estudiosos na área a
                  desenvolver critérios técnicos relacionados com a estrutura e sequência
                  de um currículo.  O artigo de Schmidt mostra como os conceitos de
                  foco, rigor e consistência têm levado os países educacionalmente mais
                  avançados não apenas a aprimorarem seus currículos, mas ao fazê-lo,
                  também aumentar a convergência sobre o tema.   Vale a pena transcrever
                  a definição precisa desses termos:




          8       O ENSINO DE MATEMÁTICA NAS SÉRIES INICIAIS
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