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PARTE I – Orientações Gerais






            FUNDAMENTOS



            Ao longo do século XX, o ensino de Ciências passou por três grandes alterações.  Até a década
            de 1960, predominou a ênfase no ensino de conteúdos. O aluno deveria aprender uma série
            de fatos científicos, memorizá-los e repeti-los em situações de provas e exames.  A partir da

            década de 1960, predominou o modelo do ensino de Ciências como processo. No Brasil, foi
            muito influente o trabalho da Fundação Brasileira para o Desenvolvimento e Ensino de Ciências
            (Funbec) na difusão dos programas e materiais de ensino com essa concepção, desenvolvidos

            especialmente nos Estados Unidos. Embora esses materiais fossem voltados especificamente
            para o ensino médio, indiretamente influenciaram a concepção e a produção de livros didáti-

            cos para as séries iniciais. Essa abordagem também esteve fortemente associada com o uso de
            laboratórios e com a ênfase crescente em contextualização do ensino. A ideia predominante
            era a de que o ensino de Ciências deve reproduzir os modos de produção científica.  Associadas

            a essa ideia, encontram-se as várias propostas de orientação construtivista. Ao longo dessas
            décadas, foram desenvolvidos inúmeros estudos sobre a eficácia dos diferentes métodos e

            abordagens do ensino das Ciências.


            Na década de 1990 e na primeira década do século XXI, o ensino de Ciências tornou-se alvo de

            novas preocupações, tendo em vista as novas necessidades da sociedade e do mundo produti-
            vo. Também foram desenvolvidas comparações internacionais sobre a aprendizagem de Ciên-
            cias no contexto do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA). Isso tem levado a

            uma reflexão sobre a qualidade do ensino de Ciências. Essa reflexão se apoia, de modo especial,
            nos desenvolvimentos e contribuições da psicologia cognitiva e das neurociências. De maneira
            simplificada, esses estudos, mencionados na bibliografia que se encontra ao final do presente

            Manual, sugerem a necessidade de uma revisão na pedagogia do ensino de Ciências.



            Ainda que os métodos associados à inspiração construtivista − tais como projetos, laboratórios,
            ensino por temas, multidisciplinaridade − possam ser mais atrativos, à primeira vista, do que a
            educação denominada “tradicional”, a evidência empírica comprova suas limitações, conforme

            conclusões de Kirshner, Sweller e Clark (2006), apoiadas em ampla revisão da literatura científi-
            ca a respeito do tema:





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