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Como vimos no parágrafo anterior, na segunda parte temos o
núcleo do livro. No capítulo 5, o autor apresenta os quatro pilares da
educação pública: currículo; professor; os meios, em que o livro didá-
tico tem papel de relevo; e, finalmente, um sistema de avaliação. Dos
quatro, nos saímos razoavelmente bem apenas no quesito avaliação.
Não deixa de ser um começo.
Chamam a atenção duas características de nosso sistema público
de educação. A primeira é a enorme expectativa depositada no pro-
cesso de escolarização. Espera-se que a quantidade de escolarização
consiga atingir inúmeros objetivos e resolver problemas profundos da
sociedade. As grandes expectativas e as muitas ilusões acabam por im-
pedir que avancemos no básico: transmitir conhecimento e preparar
minimamente o cidadão para uma vida independente e produtiva no
mercado de trabalho do século XXI. Essas grandes expectativas, quase
sempre frustradas, são o tema do sexto capítulo.
Uma segunda característica do sistema educacional é o excesso de re-
gulação e de normatização. É a ideia de que a legislação tudo resolve. Como
ocorre com o nosso sistema político, mas com resultados muito piores,
dada a natureza do problema, as dificuldades surgem do processo decisório
e do elevado nível de consenso requerido em todas as decisões. O cipoal
regulamentar deve menos à experiência informada pelo conhecimento siste-
mático do assunto do que à atuação dos grupos de pressão. Vale ler, quanto
a isso, a evolução histórica do sistema educacional no capítulo 7.
O livro se encerra na terceira parte com a apresentação das “fon-
tes de inspiração para as mudanças”. São duas: no capítulo 8, as evi-
dências empíricas, fruto do conhecimento sistemático, e no capítulo 9
as melhores práticas sugeridas pelas experiências internacionais.
O quadro é muito pouco animador. Contudo, o único caminho
para avançarmos é conhecer as circunstâncias de onde partimos. É
exatamente a essa tarefa que este livro se dedica.
SAMUEL PESSÔA
Doutor em Economia pela Universidade de São Paulo (USP). Professor
assistente da Escola de Pós-Graduação em Economia da Fundação Ge-
túlio Vargas no Rio de Janeiro (EPGE/FGV). Chefe do Centro de Cres-
cimento Econômico do Instituto Brasileiro de Economia (FGV IBRE).
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